O FUTURO É ALUCINANTE
O presidente do Bells Lab diz que "só quem aprender o tempo
todo" conseguirá sobreviver em um mundo em permanente transformação
tecnológica.
Que desafios o avanço das tecnologias
coloca para as novas gerações?
O maior desafio é profissional. É preciso descobrir onde
estarão os empregos do futuro próximo. Nesse cenário, a idéia
mais corrente é que a tecnologia está reduzindo o número de
empregos numa velocidade nunca vista. É uma idéia errada. A
tecnologia está mudando a natureza dos empregos, mas não está
destruindo postos de trabalho. Muitas funções básicas, primárias
e mal pagas desaparecerão para dar lugar a novos postos de trabalho
mais qualificados. A idéia perversa de que as novas tecnologias
estão desempregando os engenheiros e os colocando para vender
sanduíches não é verdadeira. Ou não é inteiramente verdadeira.
Como assim?
As coisas estão mudando. O mercado hoje está ávido por contatar
pessoas capazes de trabalhar no que se chama de "soluções individuais",
conceito que é uma tendência forte e significa que sempre haverá
lugar para pessoas que sabem desenvolver um projeto com a cabeça
voltada para o consumidor final. Os negócios estão caminhando
para atender os clientes quase que individualmente e isso demanda
mão-de-obra de alto padrão. As funções que as novas tecnologias
estão substituindo são as funções mecânicas, repetitivas, sem
criatividade.
Essas novas tecnologias serão em número
suficiente para aumentar a oferta de emprego?
As novas tecnologias estão criando mais empregos do que aqueles
suprimidos por elas. A tendência é cristalina. Hoje em dia a
oferta de emprego nos Estados Unidos é maior do que em qualquer
outra época de sua História. Isto se deve à tecnologia. Isto
não é nenhuma novidade. Sempre foi assim. A revolução industrial
criou mais empregos do que havia antes dela.
Mas não há uma sensação de perda no ar?
Determinadas tarefas a que as pessoas estavam habituadas e consideravam
importantes de repente deixam de ser necessárias. Acabam deslocadas
para outra tarefa, que julgam menor que a anterior. Essa sensação
de obsolescência ocorre a intervalos cada vez menores.
E como alguém pode preparar-se para esse
ritmo de mudanças?
Tudo quanto eles aprenderam nos quatro ou cinco anos
de universidade é suficiente apenas para o primeiro ano de vida
profissional. Para os anos seguintes, o aprendizado terá de
ser recomeçado. As chances de fazer uma carreira apenas com
o que se aprendeu na universidade hoje em dia é zero. Uma carreira
profissional dura em torno de 30 a 35 anos. No ritmo em que
a pesquisa avança atualmente, isso significa que a pessoa passará
por quatro a cinco revoluções tecnológicas. Cada uma significará
uma chance de a pessoa se tornar obsoleta para o mercado de
trabalho. Portanto, o processo de aprendizado tem de ser contínuo.